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O QUASE DANO HÁ MAIS DE VINTE ANOS.

12 de junho de 2018 escrito por: Marcia Regina Nunes de Souza

 

 

 

Isso aconteceu há muito tempo. Acho que há uns bons vinte anos.

– Boa tarde.

– Boa tarde, pois não.

– Eu quero entrar com um processo contra esse ônibus, tá aqui a placa e o nome da empresa.

– Certo. O que aconteceu?

– O que aconteceu? Ele quase me matou.

– Mas não matou, né? Então o que aconteceu. Ele bateu no seu carro?

– Não, não. Ele vinha saindo da Rodoferroviária e entrou na principal sem parar. Eu vinha pela principal tive que frear, desviar, quase dei cavalo de pau pra me desviar dele. Por um triz eu não morro. Se ele me bate eu tinha morrido na hora. Mas quase morri de susto e de medo. Fiquei dois dias tremendo.

– Entendi.

– Então precisa do que para dar entrada num processo de indenização contra o ônibus?

– Deixa eu explicar direito para a senhora. Não tem como abrir processo nesse caso.

– O quê?????

– É que o Direito brasileiro (pra completar ela era argentina) exige que haja um dano, um prejuízo, uma perda, para que o ofendido possa pedir uma indenização contra o ofensor. E o quase matou não é um dano. É uma hipótese. Na verdade o que aconteceu foi uma imprudência e um susto.

– O quêêêêêê????? Então um sujeito pode sair por aí, dirigindo um veículo pesado, um ônibus, o motorista era um profissional, estava com o coletivo cheio de passageiros, ele colocou em risco a vida de todos dentro do ônibus, a minha vida e a vida de alguém em quem eu batesse e ele não me deve uma indenização? Só quando ele matar alguém é que ele vai pegar um processo de indenização?

– Sim, disse eu, quase sumindo.

– Que lei maluca.

E saiu ela pisando firme, indignada, revoltada.

E no fundo, no fundo, eu concordei com ela. Ela tinha toda a razão. Esse motorista deveria responder por um processo por dano potencial. Chance de ganhar um processo assim ela não tinha naquela época e não sei não se teria hoje.  Mas que ela tinha razão, ah, isso ela tinha.

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Sou a Marcia. Advogada. Há 33 anos eu fundei meu escritório de advocacia em Curitiba, sonhando em atuar só em processos de indenização. Deu certo. De lá prá cá faço isso todo dia. Trabalho com indenização. De todos os tipos, modos e jeitos.

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